Ao longo dos anos, o setor de blockchain vivenciou diversos ciclos de ascensão e queda, com vários projetos conquistando fama momentânea ou desaparecendo na obscuridade. Quando o assunto é tanto sucesso quanto polêmica, a EOS certamente ocupa um lugar de destaque. Reconhecida como um “superstar project” ao arrecadar US$ 4,2 bilhões em apenas um ano, essa blockchain pública conquistou atenção e expectativa global.
Entretanto, no universo blockchain, a única constante é a mudança. À medida que o mercado evoluiu e as preferências dos usuários mudaram, a EOS foi perdendo competitividade, revelando uma série de falhas e ficando para trás no desenvolvimento da governança comunitária e do ecossistema. Hoje, a EOS é lembrada mais em conversas informais do que como a protagonista inovadora do passado.
Para se libertar desse histórico e se reinventar, a equipe da EOS anunciou um rebranding completo para Vaulta. A decisão foi muito além de fugir de uma imagem negativa ou retomar a confiança de investidores — tratou-se de uma ação estratégica para romper as amarras do passado. A Vaulta deixa de se apresentar como uma blockchain pública de alta performance e passa a focar integralmente no desenvolvimento de um “sistema operacional bancário Web3” voltado a instituições financeiras e usuários que buscam conformidade regulatória.
O rebranding da EOS reflete uma leitura aguçada das tendências do setor. No passado, a concorrência no blockchain girava em torno de evoluções técnicas, como TPS (transações por segundo) e mecanismos de consenso. Porém, com a popularização das stablecoins, o avanço das aplicações RWA (real-world asset), o crescimento dos pagamentos internacionais e o amadurecimento das regulações globais, o setor atingiu um ponto de inflexão — migrando para a criação de infraestruturas financeiras centrais com valor tangível. O blockchain passou a funcionar como base dos sistemas financeiros e dos grandes ecossistemas que ajudam a viabilizar.
De acordo com a Grand View Research, desde 2020 a base mundial de usuários de cripto cresceu a uma taxa anual composta de 34%, com predominância da faixa etária entre 18 e 34 anos. Essa geração é muito mais aberta à digitalização financeira do que qualquer uma anterior. Até 2028, espera-se que pagamentos internacionais via stablecoins representem quase 73% de todas as transações desse tipo no mundo. Nesse cenário, as falhas dos métodos tradicionais de pagamento ficam ainda mais evidentes: a taxa média global de envio de recursos está em 6,65%, enquanto soluções blockchain podem reduzir esse custo para menos de 0,1% e transformar processos de liquidação que antes levavam dias em segundos — liberando uma eficiência de capital inédita em escala global.
A Vaulta surge nesse contexto de transformação. O projeto aproveita o legado da engenharia de alta performance da EOS, mas agora adota conformidade, sustentabilidade e utilidade real como pilares essenciais. O nome “Vaulta” deriva de “vault” (cofre), representando segurança e confiança no DeFi. Não se trata apenas de uma mudança de nome, mas de uma reformulação sistêmica desde sua base.
As inovações da Vaulta começam por um novo modelo de token, com mecanismo de halving e fundos dedicados para fortalecer governança e sustentabilidade de longo prazo. Aliada à arquitetura Delegated Proof of Stake (DPoS) de alta performance, a Vaulta reescreveu e expandiu módulos fundamentais do sistema, garantindo zero downtime e finalização imediata de transações.
Ao otimizar mecanismos de consenso e estratégias de sincronização de nós, a Vaulta mantém operações estáveis, mesmo durante picos de tráfego ou falhas de nós. As transações são confirmadas quase de forma instantânea, permitindo aplicações financeiras como pagamentos e liquidações. Seu “sistema operacional bancário Web3” traz contas modulares, padrão IBC (Inter-Blockchain Communication) para interoperabilidade multi-chain e uma camada de compatibilidade que possibilita a desenvolvedores criar aplicativos bancários on-chain, tanto EVM quanto não-EVM. Para custódia empresarial e proteção de ativos, a Vaulta firmou parcerias com custodiantes licenciados como Ceffu e Tetra Trust.
O sistema bancário Web3 da Vaulta também inclui funções consideradas essenciais nos sistemas financeiros tradicionais — como gestão de contas, controle de acesso e ferramentas de auditoria — assegurando operações eficientes e rastreabilidade total de ativos na rede.
O rebranding da EOS não se limita ao “blockchain mais rápido”. Representa uma profunda repensada: construir a infraestrutura financeira da próxima geração.
Aproveitando as lições do período EOS, a equipe da Vaulta acelerou sua expansão, promovendo adoção em ritmo intenso por meio de parcerias institucionais diversas desde o lançamento.
Como pedra angular do ecossistema Vaulta, a plataforma bancária digital focada em Bitcoin exSat Bank foi apresentada junto ao rebranding. A exSat Bank elimina barreiras entre o sistema financeiro tradicional e o cripto, integrando gestão de ativos, pagamentos, trading e controles de risco em um único sistema bancário Web3. Usuários conseguem gerenciar armazenamento, rendimento, transferências e pagamentos de ativos a partir de uma só conta, sem necessidade de alternar entre diferentes plataformas.
A colaboração de maior destaque da Vaulta é com a World Liberty Financial (WLFI), apoiada pela família Trump. Em maio de 2025, a WLFI adquiriu US$ 6 milhões em tokens Vaulta e anunciou uma parceria duradoura. A WLFI lançará seu stablecoin USD1 na rede Vaulta, e ambas trabalharão juntas para desenvolver finanças Web3 reguladas em escala global.
A Vaulta também anunciou parceria estratégica com a Fosun Wealth Holdings, do grupo chinês Fosun, para entregar infraestrutura financeira blockchain ao mercado de Hong Kong. A Vaulta proverá toda sua suíte de sistema operacional bancário Web3 — inclusive a exSat — para apoiar o negócio de ativos virtuais “FinChain” da Fosun, oferecendo ferramentas para emissão de ativos, geração de rendimento e pagamentos em cripto. A Fosun, por sua vez, empregará suas licenças globais e experiência em emissão de RWA para ampliar o alcance regulatório da plataforma. Segundo Yves La Rose, fundador e CEO da Vaulta Foundation, essa colaboração representa um marco na visão global de banco Web3 da Vaulta.
No universo cripto-nativo, a Vaulta também firma parcerias com plataformas líderes. Por exemplo, Vaulta e a Ultra — plataforma de games descentralizados baseada em tecnologia EOS — fecharam acordo para que a Vaulta seja a espinha dorsal dos pagamentos e da custódia de ativos digitais da Ultra. Ao unir a rede de alta performance da Vaulta com a base ativa de usuários da Ultra, as empresas buscam criar juntas uma plataforma de games de nova geração, com transferências multi-jogos de ativos, finanças NFT e recompensas on-chain.
A Vaulta também se aliou à plataforma canadense de ativos digitais VirgoCX para lançar o VirgoPay, uma solução de transferências internacionais. O VirgoPay opera como prova de conceito das capacidades da Vaulta para transações internacionais dentro do seu sistema bancário Web3. A rede Vaulta será a camada padrão de liquidação do VirgoPay, oferecendo transações mais rápidas e confiáveis do que canais convencionais. Integrando stablecoins e bancos, o VirgoPay promete transferências globais quase instantâneas e de custo ultra baixo. Até o momento, a VirgoCX já processou mais de CA$ 2,5 bilhões em operações, com previsão de atingir o recorde de CA$ 3,5 bilhões em volume anual em 2025. O lançamento inicial do VirgoPay abrange grandes mercados, como EUA, Hong Kong, Canadá, Brasil e Austrália, e há planos de expansão para o Sudeste Asiático, Oriente Médio e outros mercados emergentes — mirando o mercado mundial de transferências internacionais, que movimenta trilhões de dólares.
Após o rebranding, o ecossistema Vaulta atraiu influxos expressivos de capital, refletidos no desempenho do token em abril. Embora o token (agora $A) tenha entrado em fase de consolidação, o ecossistema da Vaulta continua em rápida expansão.
Atualmente, o TVL (Total Value Locked) da Vaulta soma US$ 196 milhões, tendo alcançado sua máxima histórica, de US$ 384 milhões, em 17 de maio. A exSat, plataforma bancária digital e provedor de serviços baseada em Bitcoin, é o principal dApp da Vaulta, construída sobre a mainnet da Vaulta e bifurcada de sua arquitetura EVM. Somente a exSat possui mais de US$ 489 milhões em TVL. Juntas, Vaulta e exSat totalizam US$ 685 milhões em TVL — colocando a Vaulta entre as 20 maiores blockchains públicas do mundo nesse quesito.
No ecossistema exSat, o exSat Bank é a principal plataforma financeira, permitindo a instituições e usuários acesso à oferta de empréstimos de ativos digitais, liquidação cross-chain, emissão de stablecoins, custódia de ativos e mais. Os módulos do sistema bancário Web3 da Vaulta podem ainda aprimorar bancos legados com gestão de ativos on-chain, liquidação internacional e auditoria regulatória.
O engajamento dos desenvolvedores na Vaulta também disparou, alcançando níveis recordes no ano.
Em síntese, a Vaulta evoluiu a partir da EOS e agora vai muito além de ser mais uma blockchain pública de alta performance. Seu objetivo é ser responsável pelo desenvolvimento da nova geração de infraestrutura financeira Web3 — uma reformulação radical e uma resposta ativa à lógica do sistema financeiro global.
O conceito de “sistema bancário Web3” que a Vaulta propõe não se limita a transportar bancos tradicionais para o blockchain. É uma reinvenção estrutural: unir a abertura das finanças on-chain com conformidade, modelos de contas e mecanismos de confiança típicos do sistema financeiro tradicional, criando uma base global e pronta para rápida implantação. Essa fusão desafia o domínio dos bancos tradicionais nos pagamentos internacionais e na gestão de ativos, e dá ao setor de blockchain novas oportunidades de romper barreiras e conquistar mercados mainstream.
O ponto crucial é que a Vaulta está tornando sua visão realidade por meio de parcerias concretas, aprendendo com experiências passadas. Já consolidou colaborações com instituições financeiras de peso, como Fosun Wealth e WLFI. A presença da Fosun reforça como o setor financeiro tradicional reconhece as soluções blockchain da Vaulta — principalmente seu potencial de baratear pagamentos internacionais e expandir a gestão de ativos. O investimento estratégico da WLFI sinaliza confiança no modelo inovador da Vaulta. Essas alianças ampliam os casos de uso reais e impulsionam a busca pela conformidade global.
Obviamente, muitos desafios permanecem. Mesmo com nova marca, muitas memórias do passado EOS persistem no mercado. Só o tempo dirá se os usuários conseguirão superar esse histórico. Além disso, à medida que o ambiente regulatório global se torna mais complexo, conciliar inovação e conformidade será um desafio constante para a visão de sistema bancário Web3 da Vaulta.
A chegada da Vaulta não significa que o blockchain encontrou sua solução definitiva. Se bem-sucedida, a Vaulta pode se tornar referência para a próxima era da infraestrutura blockchain. Independentemente do resultado, a Vaulta já é um caso de estudo indispensável sobre como blockchain pode interagir com — e transformar — o sistema financeiro global. Seu percurso merece atenção de todo o setor.